Púlpito de igreja não é palanque político e fiéis não podem ser usados como cabos eleitorais
Por Aristides Barros
O virtual candidato falou de temas fortes
O pré-candidato a vereador por Bertioga, Valter Kazuo (PP), participa dos bastidores da política desde os 19 anos de idade.
Viu políticos subirem, caírem e também teve atritos e decepções com alguns deles. Uma situação muitas vezes repetida, que ninguém está, ou é, imune.
No entanto, sabe separar o joio do trigo o que expõe rebatendo opiniões de que por “serem iguais” todos políticos vão para a mesma cova.
“Generalizar é injusto e o sepultamento coletivo joga na vala comum o político e a política. A sociedade precisa dos dois para seguir em frente, é importante fazer a escolha certa, obedecer a consciência”, avisa.
Hoje aos 47 anos e a vasta experiência distingue bem o bom do mau. Resume a maldade política em uma palavra: descaso, que é uma das principais características do mandatário ruim.
No começo destrata uma pessoa, depois um grupo de pessoas e depois uma população inteira. “Dói no coração, ver que para uma pessoa as outras são só um número”, protesta.
A sua política tem outro roteiro. “O que para eles são números para mim são vidas, o humanismo acima de tudo”, defende. “Temos de tratar a todos de forma digna, quem destrata o seu próximo mostra não ter dignidade”, pontua.
Cita princípios cristãos para justificar o que entende ser o comportamento certo. “Venha do jeito que está o meu fardo é leve e eu te aliviarei”.
O tom religioso revela que o pré-candidato é evangélico. Lidera a Igreja Pentecostal Águas da Fonte, é adepto da religião há 15 anos e há 10 anos é pastor.
Política e religião devem ser mantidas distantes uma da outra
"Não é bom colocar religião e política lado a lado"
Valter Kazuo enfatiza que a política está em tudo. “A bíblia fala de política, José foi ‘levantado’ a governador do Egito por ser um grande homem. Outros governadores foram levantados para ajudar o povo, e as suas cidades prosperaram. Mas, quando paravam de ajudar e se voltavam para seus prazeres, o império caía”.
O relato se parece uma versão atual do político “levantado” que ao cair arruína a cidade e a sua população. Com base nessas quedas é que ele se posiciona contra o movimento da política partidária para dentro da religião, e alerta.
“Têm muitos fariseus no meio dos cristãos”, e completa. “Política partidária e religião não se casam e quando se casam provocam grandes separações”.
O pré-candidato tem propriedade sobre o assunto haja vista estar prestes a ser Juiz de Paz, realizador da união entre homens e mulheres em casamentos civis e religiosos.
O cargo vem após conclusão e certificado do curso, oficialmente reconhecido pelo Ministério da Educação e Cultura (MEC).
Pré-candidato teve a união da família para trabalhar por Bertioga
Local ajudou muito a cidade - Foto: PMB/Diego Bachiéga
Morador de Bertioga há 27 anos, Valter Kazuo tem importantes serviços prestados à cidade. Entre eles aparece como um dos idealizadores do Espaço Cidadão/Centro, iniciativa que ajudou a profissionalizar dezenas de bertioguenses e possibilitou a outras dezenas conseguir o próprio empreendimento, por meio de cursos oferecidos no local.
Ele trabalhou diretamente na construção do primeiro Espaço Cidadão, e depois junto aos familiares - pai, mãe e irmãos - se uniram nas obras do Espaço Cidadão/Boracéia.
"Na época, o então prefeito Orlandini reconheceu o meu empenho e dos meus familiares na realização do projeto”, lembra.
“A minha família se voluntariou para nos ajudar”, revela. “As duas unidades do Espaço Cidadão ajudaram mais de 200 pessoas a crescer profissionalmente e melhorar suas vidas. Educar possibilita dignidade”, afirma.
A família ter se voluntariado para o trabalho marca o perfil das pessoas da Terra do Sol Nascente. Os nipônicos se ajudam nos momentos de grande precisão, seja em catástrofes ou em obras em favor de suas comunidades.
Valter Kazuo sentiu de perto esses laços de solidariedade ao trabalhar por três anos no Japão. “Tudo é feito com disciplina, caráter e respeito, tudo muito rigoroso. As pessoas correm e fazem o que tem de ser feito”, admira.
“A experiência enriqueceu bastante o meu amadurecimento e minha forma de trabalhar”, admite. "Me reeducou nas escolhas a serem feitas, nas coisas necessárias e que precisamos e temos de fazer bem feitas. É isso que me proponho, fazer o que tem de ser feito”, reforça.
Ele pauta a educação e geração de empregos como muito necessárias na vida dos bertioguenses.
Poucas escolas estaduais para um grande número de estudantes
Cidade enfrenta "escassez" de escolas
Valter Kazuo insiste que o Estado tem de construir mais escolas em Bertioga. A falta delas traz problemas a muitas famílias, obriga pais e mães cujos filhos passam do ensino básico para o médio a matriculá-los em escolas distantes do bairro.
Um exemplo é a própria Vista Linda, onde ele mora e a maioria dos estudantes “acaba” sendo transferida para "fora", porque a única escola estadual do bairro tem de abrigar alunos que também saem de localidades distantes, o que “estica” mais o impasse estudantil.
“Isso tudo porque o número de escolas estaduais é insuficiente para a grande demanda de estudantes”, reconhece o pré-candidato que abordou a problemática.
“Preocupa os ônibus lotados de estudantes trafegando pela rodovia Rio-Santos, preocupa o horário que voltam para casa, devido ao problema de segurança da cidade. Os políticos não têm essas preocupações, se tivessem ao menos iriam tentar solucionar a situação, que aflige pais e mães de alunos”, reclama.
Ele aponta que os vereadores e o prefeito poderiam procurar os deputados que ajudaram a eleger, e pedir a eles que buscassem a solução junto ao governador.
“Se limitam a culpar o Estado porque é mais fácil jogar a culpa nos outros, com isso o problema vai aumentando”, lamenta.
“Já falamos do descaso com as pessoas, elas estão cansadas de serem tratadas assim”, acredita e faz um apelo. “Bertioga precisa tirar os omissos e colocar pessoas dispostas ao trabalho”, conclui.
Comments