Fato imprescindível é a testagem, não ficar restrito a testar somente os casos com síndrome respiratória. É vital testar todos os quadros gripais que procurarem atendimento
Dr. Jurandyr
Tenho acompanhado com muito interesse a evolução da pandemia de Covid-19 no Mundo e no Brasil, com especial atenção à Região Metropolitana da Baixada Santista (RMBS).
Na minha atividade profissional atual, tenho dado consultoria para Secretarias de Saúde de várias cidades que precisaram estabelecer protocolos e instalar novos leitos para o enfrentamento da pandemia.
O Brasil continental tem vários perfis de evolução da virose e suas cidades devem se adequar ao tempo que iniciou a exposição da população ao vírus, e às condições de dar atenção médica aos seus cidadãos
Bertioga, dentro da RMBS, só tem conurbação com o sul da cidade de São Sebastião, em Boracéia que está afastada dos outros bairros sebastianenses. Estamos separados de Santos, Guarujá e Mogi das Cruzes, por estradas ou canal.
Este fato fez que a viremia chegasse mais tarde, em relação a São Paulo, Capital e RMBS, fora que os bairros de Bertioga têm limites relativamente precisos - Vicente de Carvalho, Riviera, Guaratuba e mesmo a Chácara Vista Linda - o que proporcionaria à Secretaria de Saúde de Bertioga a Vigilância Epidemiológica da cidade ir criando zonas de isolamento, quando ambas tivessem a confirmação de contaminação .
Fato imprescindível é a testagem, mesmo considerando que o Brasil é o que menos tem testado sua população, Europa e USA no mínimo testaram 15 vezes mais, não podemos ficar restrito a testar somente os casos com síndrome respiratória.
Pois, ao longo destes meses já havíamos aprendido - pela experiência no mundo e em São Paulo - da alta transmissibilidade do vírus pelos contaminados, e que 70 % não apresentavam quadros clínicos exuberantes, mas eram contaminantes. É vital testar todos os quadros gripais que procurem atendimento.
Santos testou em torno de 10 % da sua população aleatoriamente, e viu que 5,6 % tinham teste imunológico - teste rápido positivo - que indica, estatisticamente, que extrapolando para Bertioga neste dia 20 de junho, considerando as semanas de contaminação, teria - por observação estatística - em torno de 3.000 contaminados em atividade viral, ou já curados imunologicamente.
Sabemos, por meio de estudos mundiais, que o indivíduo contaminado pode ser transmissor por 14 a 21 dias. Se isolarmos os casos com potencial de contaminação diminuiremos a taxa de contágio, desacelerando a propagação do vírus e protegeremos melhor o grupo de risco. Pois, sua família, seus contatos, poderiam ficar mais atentos e com isso diminuiríamos a letalidade do vírus .
Não temos ainda nenhuma medicação que cure o indivíduo do vírus, a não ser o seu próprio sistema imunológico. Daí a necessidade fundamental da quarentena, para diminuir o fluxo de pessoas transitando, uso de máscaras, higiene pessoal e dos ambientes.
Cada cidade deve ter claro para seus dirigentes em que fase da pandemia está, e adotar as medidas sanitárias já conhecidas.
Bertioga, hoje dia 20 de junho, está em fase de aumento exponencial da curva de contaminação, basta ver os informes das últimas semanas. E isso só poderá ser menor com testagem de todo estado gripal e amostragem nos locais de maior prevalência, por bairros onde tenham casos confirmados. Como se faz com a Dengue apesar da diferença de ambas as enfermidades, quanto à transmissão.
Sempre disse que a Dengue é negligência com os criadouros dos mosquitos, só a população pode fazer isso na sua casa e entorno.
No caso do coronavírus desde que bem alertados pelo governo local, cada um tem de ter a responsabilidade para com seu semelhante e sua família, além das medidas de quarentena que devem ser impostas para evitar maior índice de mortalidade.
Os recursos locais de atenção à saúde devem abranger as comunidades por meio das Equipes de Saúde da Família, que vão controlar os contaminados e para isso precisam dos testes e alertar para as condições sanitárias e de prevenção, principalmente para o grupo de risco.
Infelizmente, Bertioga só tem três Equipes de Saúde da Família, poderia ter ao menos oito equipes e criar enfermaria própria para a Covid-19.
Se criou uma UTI, mesmo provisória é um fato positivo. Precisa ter feito com responsabilidade, com equipes treinadas e equipamentos adequados. Pois, só assim terá eficácia no tratamento.
Tive o prazer de trazer a Fundação do ABC em 2009 para Bertioga, e ser seu dirigente no contrato de gestão de 2009 a 2012.
Que possamos, enquanto Bertioga - e tivemos tempo para nos preparar - sofrer o menor dano possível, pois a Covid-19 não é uma gripezinha.
Que as autoridades sanitárias e a população devidamente alertada, juntos, possam atravessar esta pandemia com as menores perdas possíveis.
Quando ouvimos dirigentes públicos minimizarem a pandemia a dor deles só será sentida na perda de um familiar ou um amigo .
E daí, torcemos sempre por uma Bertioga que encontre o seu verdadeiro destino e que possa atravessar esta pandemia com a melhor ação pública de saúde.
(*) Jurandyr José Teixeira das Neves - médico, pós-graduado em saúde pública pela FGV, médico aposentado da Prefeitura de Bertioga, ex-professor da Faculdade de Medicina do ABC, ex-superintendente de Gestão Hospitalar da Fundação do ABC, ex-secretário Adjunto de Saúde de Santo André (2013/2017), ex-secretário de Saúde de Bertioga (jan 2017/out 2018) e vereador por Bertioga de 2000 a 2012.
Amigos!
Neste instante estamos TODOS em risco nesta PANDEMIA.
Todo cuidado é IMPORTANTE, pois, o risco é de um SEMELHANTE desconhecido, assim como, os de Nossa Intimidade PARENTAL.
O PROFISSIONAL AQUI, QUE EMITE SUA OPINIÃO É HOMEM VIVIDO NA MEDICINA.
IMPORTANTE ACOMPANHARMOS SUAS INFORMAÇÕES, EM UM MOMENTO DE EVOLUÇÃO DESTE VÍRUS EM NOSSA CIDADE.
PARABÉNS DR JURANDIR, POR SUA ESPONTÂNEA OPINIÃO DE CONSCIENTIZAÇÃO.
MUITO OBRIGADO!
CARLOS GUILHEM