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Foto do escritorAristides Barros

Pensar só em asfalto é o maior dos erros

Por Willian Santos


Rua Osvaldo Cruz no Jardim Paulista, bairro central de Bertioga


Progressão urbana em Bertioga firme, forte e humanitária, no campo do quase nada, um maravilhoso limbo de oportunidades. Quando chove tem enchente no bairro tal, que tem esgoto a céu aberto; tem "nóia" pedindo dinheiro às margens das ruas e furtando pertences alheios; tem assaltos em cada esquina e essa situação só cresce a cada dia. 


Mas, o turista passeia em Bertioga e não vê nada disso, pois o que enxerga é um calçadão colorido, um verdadeiro playground para adultos se trombarem de frente, na estreita calçada, onde dois casais não passam quando se esbarram. Todavia, há sempre o bom senso: "Com licença, desculpe"! Assim sendo, todos seguem seus caminhos à beira mar, que maravilha!...


Há quem diga que algumas escolas estão sendo construídas para atender à gigantesca demanda de crianças que vem ao mundo no município, as que correm o grande risco de se despedirem cedo demais deste plano de vida, devido a municipalidade não oferecer UTI Neonatal. 


Voltando a falar das construções das escolas, não, não vão dar conta da numerosa demanda de estudantes que está por vir, pois a velocidade dos bebês brotando é muito maior do que a das construções das unidades de ensino. Isso sem falar da constante migração de pais com seus filhos que resolvem residir em Bertioga. Vai "dar ruim".  


Na saúde pública o bertioguense coleciona cabelos brancos na abissal fila de espera, tanto no pronto atendimento, quanto, quando marca consulta com algum médico especialista. 


Inclusive, o pobre cidadão comum virou cobaia de estudantes de medicina que fazem residência nas unidades de Saúde da prefeitura. 


Infelizmente é sabido que tem gente que foi enxergando ao oftalmologista e voltou cega/cego para casa, com a ajuda de alguém, é claro. 


Na região central da cidade, os elogios ao atual alcaide municipal são baseados no "asfalto nosso de cada dia", que pouco chegou à periferia, afinal, na cabeça de certos enaltecedores do prefeito, isso deve resolver tudo. 


Se alguém estiver morrendo de dor de dente... asfalto nele! Dê asfalto para curar quem tem câncer de intestino que dá certo sim, viu, pode confiar! 


Essa massa cinzenta e empedrada que nem coração de político, tem um valor assim... tão grande para os enobrecedores do trabalho do chefe do executivo, que nem resta dúvidas de que eles possuem os cérebros também empedrados, a alma engessada, e/ou, de que estão na folha de pagamento da prefeitura de alguma forma. 


Infelizmente, muita gente migra para Bertioga com essa intenção: de ser sabujo de prefeito ou prefeiturável e, assim, conseguir “carguinho”. 


Quem sabe até se candidatar a "vereadô", que nem um monte de analfabetos faz em todas as eleições. Depois essa galera até se matricula em faculdade, mas nunca terá nível superior, porque isso envolve capacidade de discernimento, valores e ética, não é para qualquer um. 


Está faltando emprego de verdade. A cidade não coleciona atividades econômicas, fica presa no turismo, construção e venda de imóveis além do comércio. 


São áreas em que a maioria das funções não exige profissionais especializados e sendo desse jeito, se ganha bem mal nestes trabalhos. 


O que o bertioguense precisa é de boa renda, pois ninguém sustenta a família ganhando salário mínimo ou pouco mais do que isso. O bertioguense é preparado apenas para ser o subserviente que trabalha para que outros se sintam dignos, entretanto, desconhece a tal dignidade.

O caiçara à espera de melhorias que são iguais o amanhã, nunca chegam (Foto: reprodução Facebook)


Willian Santos: é professor e jornalista


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