Palestra da saúde “vira” debate sobre as falhas e deficiências do setor, em Bertioga
- Aristides Barros
- 30 de abr.
- 4 min de leitura
Sistema público é alvo constante de reclamação dos bertioguenses que aproveitaram o evento e botaram boca no trombone
Por Aristides Barros

Público lotou as cadeiras da sede legislativa / Foto AB
A Palestra da Saúde realizada na noite de segunda-feira, 28, na Câmara de Bertioga expôs algumas das feridas abertas, e curáveis, da área de saúde da cidade.
O espaço onde acontecem as sessões legislativas ficou pequeno para o número de pessoas que acompanharam o evento, foi registrada a presença maior do público feminino. Todas as cadeiras da galeria ficaram ocupadas. E o plenário destinado aos 11 vereadores deu lugar a profissionais de saúde, que foram os palestrantes.
Uma representante da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/Bertioga) e a vereadora Renata Barreiro (PL) também compuseram a mesa dos palestrantes. Aliás, a parlamentar intensificou o chamamento para a participação no evento, e pela quantidade de pessoas, Renata teve sucesso em chamar a comunidade para o tema saúde.

Vereadora Renata Barreiro fez as honras da Casa / Foto: AB
A palestra comandada pela secretária de Saúde de Bertioga, Fabiana Paviani, deveria abordar apenas prevenção, o que foi feito pelos palestrantes. Mas, no momento que foi dada a oportunidade do público falar, veio a enxurrada de críticas sobre a pasta defendida pela secretária.
Não faltou reclamações sobre a demora para a realização de consultas médicas, mal atendimento por parte de atendentes nas unidades de saúde, preocupação e medo das gestantes em razão do hospital da cidade não ter Unidade de Terapia Intensiva (UTI) neonatal, tratamento de hemodiálise, entre outros equipamentos necessários a tentar garantir a manutenção das vidas dos pacientes.

A secretária de Saúde Fabiana Paviani ficou tensa ao ser confrontada / Foto: AB
As respostas às falhas do sistema público de saúde de Bertioga são dadas pelas cidades vizinhas - Guarujá e Santos - para onde os pacientes locais são orientados a buscar socorro e, não raramente, são removidos ou transferidos para continuidade de tratamento e internações médicas.
Alguns questionamentos mais duros e diretos ocasionaram um desconforto à secretária, que ficou visivelmente nervosa com as críticas lançadas e também por ter sido confrontada. Apesar de uns poucos momentos mais “acalorados” o respeito entre todos prevaleceu.
“Ouvi algo sobre fibromialgia”, frase da secretária causou incômodo entre alguns dos participantes

Renata Barreiro acompanha a fala de Cláudia Kazuo / Foto: AB
Entre as mais de cem pessoas na palestra, estava a massoterapeuta Claudia da Silva Kazuo acompanhada de três amigas, e o comum entre elas é a fibromialgia, uma doença pouco conhecida e pouco divulgada.
Por meio da massoterapeuta é que a vereadora se comprometeu em fazer um projeto de lei cujo teor, para além de atenção ostensiva à doença, é oferecer condições de tratamento aos que sofrem com ela. Nesse sentido, Cláudia Kazuo e Renata Barreiro formaram parceria e juntas empunham a bandeira de apoio à causa.
Ansiosa para expor os problemas ocasionados a quem tem a doença, a qual ela sofre já há 10 anos, a massoterapeuta não gostou do comentário da secretária que ao ser informada pela vereadora que a Cláudia iria falar sobre fibromialgia, disse de forma simplista. “Ouvi algo sobre a fibromialgia”.

Cláudia Kazuo falou sobre os problemas ocasionados pela doença / Foto: AB
Porém, o que pareceu desinformação estava relacionado a trabalhos de outros vereadores que já tramitaram e tramitam na Câmara de Bertioga, como é a Carteirinha da Fibromialgia, que ao passar a existir vai beneficiar as pessoas com o atendimento preferencial, sem que precisem enfrentar filas.
“Só uma carteirinha não resolve o problema que é muito mais complexo, precisa de diagnóstico para a pessoa saber que ela tem a doença, e muito mais que isso a cidade precisa ter locais para o tratamento desses casos”, reivindicou Cláudia.
Opinião idêntica tem Glycia Jayne que se somou ao volumoso número de participantes. Ela revelou que ao “pesquisar” o assunto viu que a cidade já tem projeto destinado à doença. “Em Bertioga existe um projeto de lei que garante alguns direitos às pessoas que têm a Síndrome da Fibromialgia”, contou. “Porém, só existe no papel, nunca foi colocado em prática”, lamenta.
Glycia é solidária à causa e explica. “Na verdade, a minha luta é para que as pessoas que tenham fibromialgia possam ter os tratamentos necessários e para que o município faça o Cartão de Identificação” , ela ainda relatou. “Toda a iniciativa nesse sentido merece ser elogiada", finalizou.
Ao final da palestra a vereadora Renata Barreiro agradeceu a ampla participação e Cláudia Kazuo afirmou que foi muito bom poder falar sobre algo que ainda parece ser um mistério na cidade.

É a primeira vez que uma palestra reúne um grande publico na Câmara / Foto: AB
“A partir do instante em que começa a ter o diálogo mais pessoas vão aparecendo e apontando soluções e novos caminhos. O que não pode é ficar sem a atenção e as pessoas com fibromialgia sem o devido tratamento”, arrematou.
Depois da palestra fica a expectativa da apresentação do projeto de lei que a vereadora se comprometeu a apresentar, já no fim da primeira quinzena de maio, o que deve levar novamente um grande público à Câmara de Bertioga, mas desta vez para acompanhar uma sessão plenária.
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